A criança que ronca

Você certamente já ouviu a expressão ” dorme como um bebê ” ou ” tem um sono de criança “. Quando ouvimos essas frases, vem à nossa mente um sono tranqüilo e reparador. Naturalmente, você não imagina uma criança roncando, babando ou sem posição confortável para dormir. Pois é, a sabedoria popular já diz que o sono infantil tem algo de errado se é agitado ou ruidoso. A criança que tem essa característica de sono, na maioria das vezes apresenta aumento da adenóide, um tipo de amígdala localizada atrás do nariz, vulgarmente chamada de “carne esponjosa”.

A adenóide, bem como as amígdalas e várias pequenas glandulas presentes no trajeto entre o nariz e a boca, fazem parte de um sistema de reconhecimento e defesa de nosso organismo. A função da adenóide e das amígdalas, é registrar os possíveis agentes agressores ao organismo que estão no ar, para formar sua defesa através dos anticorpos. Durante os primeiros anos de vida, a adenóide é normalmente grande porque a criança está aprendendo a se relacionar com o mundo exterior, captando, registrando e arquivando conhecimentos sob a forma de anticorpos. Essa atividade da adenóide é fundamental, mas, muitas vezes acaba por trazer complicações porque seu tamanho atinge níveis que se tornam prejudiciais ao bom desenvolvimento da criança.

Quando o quadro é dramático, os pais logo procuram o médico na procura de ajuda, mas os casos não tão evidentes são arrastados durante anos, podendo ter conseqüências desastrosas.

Uma vez que a plena respiração só é conseguida pelo nariz, a respiração bucal não é suficiente para uma boa oxigenação do organismo. De fato, as crianças respiradoras bucais tendem a ser menores e estudos científicos demonstram que possuem rendimento escolar mais baixo que as respiradoras nasais. Tal fato é atribuído à falta de oxigenação cerebral, que retira da criança parte de sua possibilidade intelectual.

Existe ainda o fato de que o sabor dos alimentos está diretamente ligado ao seu odor. Quem não percebe a boca salivar na hora do almoço, quando sente um aroma gostoso de comida? Por não ter essa percepção, a criança respiradora bucal não tem bom apetite e seu desenvolvimento é comprometido.

Um último problema a ser lembrado são as malformações faciais e de tórax a longo prazo. A passagem de ar pelo nariz é importante para a aeração dos seios paranasais, que vão formar os malares (bochechas). A tração dos músculos sobre a mandíbula, é também importante para o seu desenvolvimento adequado. A respiração bucal, além não gerar o estímulo que é preciso para o desenvolvimento dos ossos malares, impede que a criança mantenha a boca fechada, e portanto a musculatura não faz as pressões nescessárias sobre a mandíbula, que se torna hipodesenvolvida. A composição entre os dois problemas descritos, tem como resultado um rosto que se torna comprido e com a mandíbula curta. Em conseqüência ao mau posicionamento da língua durante o ato de engolir, o céu da boca torna-se alto e há desvio anterior da arcada dentária. Com o tempo, o tórax acaba se deformando pelo esforço contínuo em “buscar”o ar.

Todas essas alterações podem ser prevenidas se tratadas adequadamente. Seu médico otorrinolaringologista tem meios de diagnosticar e tratar os problemas que levam à respiração bucal. Se o diagnóstico for aumento de adenóide, tranqüilize-se: o tratamento é simples e gratificante. Muitas vezes está indicada a retirada cirúrgica, com resultados que parecem milagrosos e são percebidos no mesmo dia da cirurgia.

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