Uso ou não aparelho auditivo?

Frequentemente, nos deparamos no consultório com uma resistência dos pacientes quanto ao uso de aparelhos auditivos, por nós chamados de aparelhos de amplificação sonora individual. Sua indicação hoje é inquestionável, é só lembrarmos que a audição é uma dos cinco sentidos e todos eles existem para nossa perfeita interação com o ambiente em que habitamos, como vivemos em sociedade, é um sentido vital para socialização. Estudos recentes mostram que o índice de depressão em indivíduos surdos é maior do que na população em geral e até do que em cegos.

A perda auditiva tem inúmeras causas sejam elas genéticas, congênitas, medicamentosas, traumáticas, exposição ao ruído no trabalho, presbiacusia (a perda de audição que ocorre na terceira idade), dentre outras tantas. Sua instalação pode ser tanto de forma lenta, que pode muitas vezes demorar décadas, ou súbita, com aparecimento em poucas horas.

Em geral, justamente os indivíduos mais resistentes ao uso do aparelho são aqueles em que a instalação da perda ocorreu de forma mais lenta. Isso tem uma justificativa bastante plausível: como muitas vezes demora anos para ser notada, muitos sons que são perceptíveis às pessoas com audição normal já deixaram de ser percebidos há algum tempo e não fazem mais parte do seu cotidiano. Muitas vezes, quem os leva aos consultórios são os familiares ou companheiros e comumente escutamos respostas padronizadas: “Não sou eu quem não estou escutando menos, são eles que falam baixo”, “Eu não quero usar porque um conhecido não se adaptou” ou “Eu não quero usar aquele aparelho atrás da orelha que é muito feio!”, nesse último caso, costumo comparar o aparelho aos óculos e encadeando as idéias o paciente chega a conclusão lógica desejada: “Você usa óculos para que?” “Para corrigir minha visão” “Você os acha bonitos?” “Não” “Então se eles não são bonitos e ficam no meio do seu rosto, porque não usar um aparelho pequeno que fica escondido e dentro ou atrás da orelha?” Em geral, a essa conclusão não há outras argumentações.

Os aparelhos auditivos evoluíram muito em tecnologia na última década, assim como outros ramos de dispositivos que utilizamos no nosso dia-a-dia e na própria medicina, de modo que hoje os aparelhos mais simples comparam-se aos melhores utilizados há uma década. Atualmente, são digitais e não mais analógicos, o que dá um conforto muito maior aos usuários. Os aparelhos digitais recebem o som e os transforma em dígitos, ou seja, em números, e a partir daí, através de uma série de cálculos matemáticos, num som adaptável a perda de cada paciente.

Quanto à indicação dos retroauriculares (atrás da orelha) ou intracanais (dentro do conduto auditivo) depende mais da profundidade da perda de audição do que de outros fatores como preço, estética, etc. Os retroauriculares são em geral indicados para perdas auditivas mais profundas, porque pelo tamanho comportam mais componentes para amplificação do que os demais. Os intracanais ou microcanais são indicados para perdas leves a moderadas, devido seus componentes mais miniaturizados.

Ademais, um boa adaptação ao uso depende de uma série de fatores que começa no diagnóstico, indicação do aparelho adequado e de uma boa marca, adaptação após a protetização, manutenção e troca de bateriais quando necessários e visita regular ao otorrinolaringologista.

Finalizando, é importante concluirmos que a audição, como os demais, é um sentido importantíssimo e portanto o tratamento de suas deficiências é vital para uma boa convivência em sociedade; os aparelhos auditivos são dispositivos de grande eficiência para seu tratamento quando bem indicados e o sucesso do tratamento final depende também de uma série de outros fatores como a visita ao otorrinolaringologista de confiança.

Fonte: http://drmarcioniemeyer.med.br

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